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A Via-Sacra e o caminho para a vida

Neste momento, contemplo Jerusalém, a Cidade Santa. Está agitada pelos últimos acontecimentos: Tu foste julgado como blasfemo pelo Sinédrio, por teres te declarado Filho de Deus. E o governo romano, na pessoa de Pilatos, lavando as mãos, confirma o julgamento e te condena à morte e morte de cruz. Os teus discípulos fugiram, não suportaram o peso da dor e os sonhos desfeitos.

         Com a cruz nos ombros, percorres as ruas da cidade até chegar ao Monte Calvário. Percorro contigo esta “via-sacra”. Em meio a tanta dor, o teu olhar é de consolo para aqueles que se aproximam de Ti: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim!” (Lc 23,28).

         Maria, tua mãe, a fiel discípula. Sim, ela esteve presente, caminhando ao teu lado e, ao lado dela, o discípulo que amavas. Ele proclama, com simplicidade, que a força que o envolve provém da fortaleza da Mãe. O momento é de dor. Vem à minha mente a dor do mundo. Os países em guerra, pessoas famintas, crianças abandonadas nas ruas, jovens massacrados pela droga, desemprego, pelo desamor. Mães aflitas buscando condições dignas para os filhos e filhas; idosos sem esperança, abandonados pelas famílias, míseras aposentadorias e impossibilitados de gozar, com alegria, os últimos anos de suas vidas.

         Retorno a Jerusalém. José de Arimatéia, às escondidas, pede a Pilatos o teu corpo para ser sepultado. O Sinédrio convoca uma guarda para o túmulo. Como compreender este acontecimento? Nos lares, nas ruas, não tinham outro assunto: nunca em suas vidas tinham presenciado um fato como este. Nunca viram alguém assumir a morte com tanta dignidade. Na dor, no sofrimento, era Ele quem consolava.

         É o primeiro dia da semana. O terceiro desde a morte de Jesus. Algumas mulheres, ao raiar do dia, foram ao túmulo, levando os óleos perfumados que tinham preparado. Encontraram a pedra do túmulo removida. Mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus e não compreendiam o que estava acontecendo. Dois homens, com roupas brancas, disseram: “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele ressuscitou”. Elas se lembraram das palavras de Jesus: “Ao terceiro dia, ressuscitarei”. Deixaram o túmulo e voltaram à Jerusalém, narrando aos Onze o que tinham presenciado e experimentado (Lc 24,1-9). Como acreditar nesta notícia? A guarda do Sinédrio espalhou um boato de que, enquanto dormiam, os discípulos arrombaram o túmulo e roubaram o corpo do Nazareno. Como enfrentar tamanho conflito? Caminho sem rumo pela cidade. A decepção que experimentam é forte. Eles tinham apostado tudo neste grande sonho de libertação para Israel.

         Recomeçar? Mas, por onde? Após um longo período de caminhada para Emaús, outro peregrino se aproxima do nosso grupo, decidido a caminhar conosco. Quer saber sobre o que conversávamos. Alguém responde, deixando transparecer sua irritação: “Por acaso és o único visitante em Jerusalém a ignorar o que se passou nestes dias?” O peregrino se interessa em saber os fatos ocorridos na cidade santa. Outra pessoa abre o coração dizendo: “Jesus de Nazaré, um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo, mas os sacerdotes, os chefes e os dirigentes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ouvimos algumas mulheres dizendo que ele ressuscitou, pois de manhã foram ao sepulcro e não encontraram o corpo. Muitos dos nossos companheiros foram ao sepulcro e acharam as coisas tais quais as mulheres tinham relatado, mas não o viram”(Lc 24, 19-24).

Após um longo tempo de caminhada, avistamos Emaús. Ele passou à nossa frente, indicando que seguiria adiante. Mas, dos nossos corações brotou um convite: “Fica conosco, porque se faz tarde o dia vai terminando”. Ele aceitou nossa hospitalidade. Preparamos a ceia, pedimos para que pronunciasse a fórmula da bênção, pois era tão versado nas Escrituras. Ele tomou o pão e, após abençoá-lo, o partiu e repartiu. O seu rosto brilhou e resplandeceu diante de nós e a sua luz arrancou dos nossos corações a cegueira. Era impossível não reconhecê-lo! “Não é verdade que nosso coração ardia quando nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” Sim, é verdade! Ele arranca dos nossos corações a tristeza, a dúvida, o medo e devolve-nos a coragem de viver!

         Ah! Jerusalém! É preciso voltar e contar a Pedro e aos outros que Jesus, o Cristo, ressuscitou. Ele é o Senhor da vida e da história, o vencedor da morte e nós somos suas testemunhas. Ele devolve a paz, a coragem para continuar a caminhada e a luta de cada dia.

Feliz Páscoa!

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