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Monsenhor João Bergamasco divulga significado de seu brasão episcopal

Padre da Sociedade do Apostolado Católico (SAC – Padres e Irmãos Palotinos), monsenhor João Aparecido Bergamasco será ordenado bispo e em breve assumirá com este cargo, a incumbência de administrar a Diocese de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Sua ordenação será no dia 3 de março, às 18 h, na Catedral do Divino Espírito Santo de Umuarama e a posse na diocese de Corumbá vai acontecer no dia 23 do mesmo mês na Catedral Nossa Senhora Auxiliadora.

DESCRIÇÃO HERÁLDICA:

Escudo terciado, o primeiro terço de ouro com um símbolo da União do Apostolado Católico que é uma cruz estilizada de goles (vermelho) enlaçada por um símbolo do infinito em prata; o segundo terço de prata com um galho de café de verde frutado de goles em contra-banda; o terceiro terço de prata com uma ave Tuiuiú da sua cor; sobretudo um pálio ondeado de blau (azul) e prata de cinco peças; contra-chefe ondeado de blau e prata de doze peças. O escudo está pousado sobre uma cruz episcopal processional de ouro. Encimando o conjunto, o chapéu eclesiástico de sinopla (verde), forrado de goles, com seus cordões terminados em cada lado por seis borlas, na posição um, dois e três, também de sinopla. Sob o conjunto um listel de prata, forrado de goles, brocante sobre a ponta da cruz episcopal processional, com a divisa “PERMANECEI NO MEU AMOR” escrita em letras maiúsculas de sable (negro).

JUSTIFICAÇÃO HERÁLDICA:

1 - O primeiro terço, com a cruz estilizada, representa a fonte da espiritualidade Palotina na qual Dom João Aparecido Bergamasco sempre bebeu. Os quatro arcos representam os pontos cardeais e apontam para o caráter universal da missão palotina e a busca de comunhão e cooperação com a Igreja Universal na sua diversidade apostólica.

Os quatro arcos se juntam formando uma cruz revelando o caminho do seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo crucificado/ressuscitado centro da Espiritualidade palotina. Os arcos abertos para os pontos cardeais demonstram a abertura as diversas realidades em que vive a humanidade, seus anseios, sonhos e necessidades, na qual os palotinos tem a missão de levar a Boa Nova de Jesus.

A cruz em goles (vermelho), sinal do amor de Jesus, um amor que é capaz de dar a vida. “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá vida” (Jo 15,13). Lembra todos os missionários Palotinos, que a exemplo de Cristo, permaneceram fiéis até fim e doaram sua vida na fidelidade ao Evangelho.

Os quatro arcos estão unidos pelo sinal matemático do infinito. Revelando o amor infinito de Deus que abraça a todos e é o centro da vida, que une e dá forças para produzir o fruto do amor. “Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto” (Jo 15,5). “ ...permanecereis no meu amor como eu guardei os preceitos do meu Pai e permaneço no seu amor” (Jo 15,10). O propósito de vida de Dom João é seguir Cristo o Apóstolo do Pai e permanecer fiel no seu amor doando a vida no serviço aos irmãos. “Assim como o Pai me amou também eu vos amei. Permanecei no meu amor”. (J0 15,9)

O ouro metal precioso sinal da nobreza destaca a centralidade da cruz de Cristo na vida de um Bispo e como ele deve conformar sua vida a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ser um pastor segundo o coração de Jesus, vivendo a virtude da caridade e servindo com excelência e alegria.

2 - O segundo terço, com o ramo de café, bebida saborosa e de um aroma que pode ser exalado mesmo distante. Representa a realidade do Paraná onde a família de Dom João viveu. Desde a infância trabalhando na plantação e cultivo do café aprendeu cultivar a perseverança que exige esta cultura. Enfrentando as contrariedades das geadas e das secas, aprendeu a cultivar a esperança acreditando na boa colheita. Seus frutos representam o amor. “Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto” (Jo 15,5).

Estando sobre o metal prata manifesta as virtudes da fé, pureza e integridade, valores familiares que Dom João Aparecido Bergamasco aprendeu no berço familiar e deseja vivê-los em sua missão episcopal.

3 - O terceiro terço, com a ave Tuiuiú (Jabiru mycteria) é a ave símbolo do pantanal e representa o lugar onde Dom João vai exercer seu ministério Episcopal. Sendo da própria cor representa a realidade pantaneira com toda sua diversidade e riqueza que precisa ser preservada. A prata trás como elemento da natureza a água que é a riqueza do pantanal com seus rios e alagados que dão vida neste bioma da natureza. É neste chão pantaneiro que Dom João Aparecido Bergamasco viverá sua missão episcopal servindo com alegria e disponibilidade.

A prata trás a lua como astro Celestial que representa Maria com o titulo de nossa Senhora da Candelária, aquela que faz resplandecer a luz de Cristo. É Sinal da Igreja, esposa, na qual Dom João deseja servir com fidelidade e defende-la com fé, pureza e integridade.

4 - O pálio ondado representa os rios Paraná e Paraguai que São fontes de Espiritualidade (Ap 22,1), mas, ao mesmo tempo são os caminhos da missão. Foi por esses rios que os missionários chegaram nesta Igreja de Corumbá e se espalharam por todo região. O ondado simboliza os movimentos da missão que é permanente e é a continuação da missão de Cristo o Apóstolo do Pai, “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). lembrando as palavras de São Vicente Pallotti que todo batizado é um Apóstolo de Cristo.

5 - O contra-chefe ondado representa os mares por onde os palotinos chegaram ao Brasil vindo da Itália para iniciar a missão no Rio Grande do Sul. Recorda, também, os caminhos percorridos pelos bisavós e avós de Dom João que partiram da Itália e da Espanha para começarem uma vida nova no Brasil. Trás na memória todos os que se dispõe a partir em missão construindo uma Igreja em saída, em missão permanente. Trás o desejo missionário que sempre marcou a vida de Dom João e a coragem de lançar as redes avançando para águas mais profundas. (Lc 5,4).

6 - O conjunto formado pela cruz processional dourada de uma haste horizontal, o chapéu eclesiástico, as cordas e as borlas, representa o grau heráldico hierárquico do episcopado.

7 - O lema "PERMANECEI NO MEU AMOR" (MANETE IN DILECTIONE MEA)

A exortação de Jesus “Permanecei no meu amor”, no contexto da alegoria da videira, evidencia que o amor é a seiva que faz produzir frutos em favor do Reino de Deus; que alimenta a fidelidade e o compromisso; que sustenta a doação da vida (Jo 15,13); é o vínculo que nos torna amigos de Jesus, fecundando e promovendo a participação fraterna na missão conjunta de evangelizar; é, ainda, a seiva que alimenta a verdadeira alegria, a alegria plena do discípulo missionário do Nazareno. O Bispo é aquele que vivendo esta experiência profunda do amor de Deus torna–se pastor segundo o coração de Jesus e vive com alegria o múnus episcopal de ensinar, santificar e governar doando sua vida pelo Reino.

O convite de Jesus “Permanecei no meu amor” é uma das expressões mais profundas e claras da dinâmica da vida cristã, da vida de comunhão e serviço (frutos) com Cristo e com os irmãos e irmãs, comunhão esta que tem sua fonte no próprio Deus (Jo 14,20; 17,11.20-26). Esta comunhão sustenta e dá sentido à fidelidade que o discípulo é chamado a viver em todas as circunstâncias da vida, de modo especial naquelas em que o testemunho alegre e criativo dos valores do Reino se torna mais exigente e, por vezes, requer abraçar com maior coragem, discernimento e entrega a cruz de cada dia doando sua vida no serviço aos irmãos.

A exortação de Jesus “Permanecei no meu amor” está intimamente relacionada a outro desejo de Jesus: “Permanecei em mim” (Jo 15,4-5.7). A mútua relação entre estas duas exortações de Jesus consiste no fundamento, na base ou, ainda, na fonte de onde brotarão os frutos que darão sentido e alegria à vida dos discípulos e, ao mesmo tempo, glorificarão ao Pai (Jo 15,8). Entende-se, por conseguinte, com maior profundidade a contundente afirmação de Jesus: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). O permanecer no seu amor é a exigência básica, a condição prévia e insubstituível posta por Jesus para que seus discípulos sejam animados por seu espírito e movidos por sua paixão por um mundo mais fraterno e humano, segundo o querer de Deus Pai. Movido por esse amor o bispo é chamado a amar a Igreja e doar sua vida pelo Evangelho. Como apóstolo de Cristo é chamado a produzir muitos frutos (15,5).

Pallotti fez seu o lema paulino “A caridade de Cristo nos urge” (2Cor 5,14) e chega a afirmar que “não pode viver, Jesus meu, quem não ama” (OOCC X, 226). Vicente Pallotti estabelece o amor como o “substancial constitutivo” de sua Fundação (OOCC III, 137-138) e a quem deseja ingressar nela afirma que “deve ser movido por um princípio de amor para com Deus, que tanto nos ama, que nos deu o seu unigênito. Mas deve ser também movido por um princípio de verdadeiro amor pelo próximo, que devemos amar tanto quanto Jesus Cristo nos amou” (OOCC II, 5-6).

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