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Esperanças e angústias diante da epidemia!

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, alegrias e esperanças, do Concílio
Vaticano II (1962-1965), sobre a Igreja no mundo atual, n. 4, apresenta-nos as esperanças e
temores, próprios dos seres humanos, em meio as vicissitudes do tempo presente. Este
documento é sempre atual e dá-nos perspectivas para a superação e meios para tais fins. O
momento epidêmico que está dizimando vidas em grande parte do Brasil precisa de
reflexão, para que não nos acostumemos com as notícias e ignoremos os fatos, caindo na
negação e indiferença, como se estivéssemos alheios ao que acontece diariamente com
milhares de seres humanos. E o Brasil, infelizmente, não atingiu o epicentro da
enfermidade, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Para desempenhar tal missão, é dever da Igreja investigar a todo momento os sinais
dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo
adaptado em cada geração, as eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida
presente e futura, e de suas relações mútuas. É, por isso, necessário conhecer e compreender
o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu caráter frequentemente
dramático. Algumas das principais características do mundo atual podem delinear-se do
seguinte modo.
A humanidade vive hoje uma fase nova da sua história, na qual profundas e rápidas
transformações se estendem progressivamente a toda a terra. Provocadas pela inteligência e
atividade criadora do homem, elas reincidem sobre o mesmo homem, sobre os seus juízos e
desejos individuais e coletivos, sobre os seus modos de pensar e agir, tanto em relação às
coisas como às pessoas. De tal modo que podemos já falar duma verdadeira transformação
social e cultural, que se reflete na própria vida religiosa.
Como acontece em qualquer crise de crescimento, esta transformação traz consigo
não pequenas dificuldades. Assim, o homem, que tão imensamente alarga o próprio poder,
nem sempre é capaz de o pôr ao seu serviço. Ao procurar penetrar mais fundo no interior de
si mesmo, aparece frequentemente mais incerto a seu próprio respeito. E, descobrindo
gradualmente com maior clareza as leis da vida social, hesita quanto à direção que a esta
deve imprimir.
Nunca o gênero humano teve ao seu dispor tão grande abundância de riquezas,
possibilidades e poderio econômico; e, no entanto, uma imensa parte dos habitantes da Terra
é atormentada pela fome e pela miséria, e inúmeros são ainda os analfabetos. Nunca os
homens tiveram um tão vivo sentido da liberdade como hoje, em que surgem novas formas
de servidão social e psíquica. Enquanto o mundo experimenta intensamente a própria
unidade e a interdependência mútua dos seus membros na solidariedade necessária, ei-lo
gravemente dilacerado por forças antagônicas; persistem ainda, com efeito, agudos conflitos
políticos, sociais, econômicos, raciais e ideológicos, nem está eliminado o perigo duma
guerra que tudo subverta. Aumenta o intercâmbio das ideias; mas as próprias palavras com
que se exprimem conceitos da maior importância assumem sentidos muito diferentes
segundo as diversas ideologias. Finalmente, procura-se com todo o empenho uma ordem
temporal mais perfeita, mas sem que a acompanhe um progresso espiritual proporcionado.
Marcados por uma situação tão complexas, muitos dos nossos contemporâneos são
impedidos de discernir os valores verdadeiramente permanentes e de harmonizá-los com os
novamente descobertos. Daí que, agitados entre a esperança e a angústia, sentem-se
oprimidos pela inquietação, quando se interrogam acerca da evolução atual dos
acontecimentos. Mas esta desafia o homem, força-o a uma resposta. Como estou
respondendo aos apelos constantes das autoridades em saúde pública, diante da ameaçadora
Covid-19, em crescimento acelerado, no Brasil, inclusive no Sudoeste do Paraná?
Dom Edgar Ertl
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